A capacidade de atrair talentos qualificados tornou-se um fator central para o crescimento económico e a inovação. À medida que as empresas e as nações competem pelas melhores mentes, os países que facilitam a deslocalização de profissionais qualificados e o trabalho dentro das suas fronteiras ganham uma vantagem competitiva.
O Eurostat revelou recentemente dados que revelam diferenças significativas no desempenho dos países europeus neste domínio, com alguns a liderarem e outros a ficarem para trás.
Quantos trabalhadores qualificados estão a ir para a Europa?
Em 2023, cerca de 89 000 trabalhadores altamente qualificados de países terceiros receberam um Cartão Azul da UE, uma autorização de trabalho e residência concebida para profissionais qualificados. A Alemanha liderou o processo, emitindo 69 000 cartões azuis, 78% do total da UE. Seguiram-se a Polónia e a França, com 7.000 e 4.000 cartões azuis, respetivamente. Os principais beneficiários foram os cidadãos da Índia (24%), da Rússia (11%), da Turquia (7%) e da Bielorrússia (6%).
Para além das autorizações de trabalho, a UE também concedeu 451 000 autorizações a investigadores e estudantes. A Alemanha voltou a liderar a lista com 144 000 autorizações, seguida da França (117 000) e da Espanha (55 000). A maioria destas autorizações foi concedida a cidadãos da Índia (11%), da China (10%), de Marrocos (5%) e dos Estados Unidos (5%).
Relativamente às transferências dentro das empresas, os Países Baixos emitiram o maior número de autorizações (2 700), seguidos da Alemanha e da Hungria (1 900 cada). A Índia, a China e a Coreia do Sul foram os principais beneficiários destas transferências.
Os melhores países para atrair e reter talentos
A Europa Ocidental domina as classificações globais de talentos, com nove dos 10 primeiros lugares no Ranking Mundial de Talentos do IMD. A Suíça ocupa a primeira posição, destacando-se em termos de atratividade e disponibilidade, apesar do elevado custo de vida. A Dinamarca e a Noruega seguem-nas de perto, com a Finlândia e a Suécia também entre os 10 primeiros. O Canadá é o único país não europeu neste grupo de elite, enquanto os Estados Unidos ocupam o 12º lugar.
No entanto, os países da Europa Oriental têm dificuldade em competir. A Estónia lidera a região em 28º lugar, com outros países mais abaixo na lista. Na Ásia, Singapura e Hong Kong têm um bom desempenho, mas a China enfrenta desafios para atrair talentos estrangeiros devido à redução das despesas com a educação e a outros obstáculos.
O que se segue para o concurso de talentos da Europa?
Estes dados realçam a importância que a mobilidade internacional adquiriu tanto para as economias nacionais como para as empresas. A circulação de profissionais qualificados além-fronteiras já não é uma tendência lateral, tendo-se tornado central para o progresso económico, social e tecnológico da Europa.
Os números mostram tanto os progressos como as lacunas:
- O bom desempenhoda Alemanha na emissão de cartões azuis da UE e de autorizações de investigação mostra as vantagens de regras de imigração claras e de um forte apoio aos investigadores.
- Os países da Europa Ocidental e do Norte continuam a atrair talentos graças a um nível de vida elevado, a bons sistemas de ensino e a um apoio útil aos recém-chegados.
- Os países da Europa Oriental e do Sul estão a melhorar, mas ainda enfrentam obstáculos como a burocracia pesada, o apoio limitado aos migrantes e a menor visibilidade global.
Estas diferenças têm efeitos reais na inovação, no crescimento das empresas e na capacidade de adaptação dos países à mudança.
Porque é que o talento qualificado é tão importante neste momento
À medida que as ferramentas digitais evoluem, as indústrias verdes crescem e as populações envelhecem, encontrar o talento certo é mais importante do que nunca. Os trabalhadores qualificados impulsionam a inovação, ajudam as empresas a entrar em novos mercados e reforçam equipas diversificadas e com visão de futuro. Eles também:
- Preencher funções importantes e apoiar a mudança digital,
- Preencher lacunas de competências quando o talento local não está disponível,
- Ajudar as empresas a crescer a nível internacional,
- Trazer novas ideias e melhorias contínuas.
Transformar as ideias em acções
Para continuar a atrair talentos, a Europa precisa de tomar medidas práticas:
Para os decisores políticos:
- Tornar os processos de imigração mais simples e mais coerentes em toda a UE,
- Acelerar o processo de reconhecimento das qualificações estrangeiras,
- Investir na aprendizagem de línguas e em programas de integração local,
- Destacar os pontos fortes da Europa - a sua diversidade, qualidade de vida e inovação - a nível internacional.
Para empresas:
- Trabalhar com parceiros de confiança que compreendam tanto as regras como as pessoas envolvidas na deslocalização,
- Concentre-se na experiência das contratações internacionais, oferecendo um apoio pessoal e atencioso,
- Construir locais de trabalho onde diferentes culturas e perspectivas sejam bem-vindas,
- Partilhe as suas opiniões com os responsáveis políticos e ajude a criar sistemas que funcionem melhor para os talentos.
Olhando para o futuro: O papel e a responsabilidade da Europa
As acções tomadas agora pelos governos, empresas e comunidades moldarão o futuro da Europa. Os países bem sucedidos serão aqueles que:
- Acolher os talentos internacionais e encará-los como um ponto forte,
- Apoiar as pessoas após a sua chegada,
- Promover a inclusão como um caminho a seguir,
- Trabalhar em conjunto em todos os sectores para melhorar os sistemas.
Num mundo em mudança, as pessoas qualificadas são um dos recursos mais valiosos. A capacidade da Europa para as atrair, apoiar e manter determinará o seu sucesso futuro, não só a nível económico, mas também a nível da inovação, da comunidade e da liderança.